A tal da ansiedade,

ansiedademulher

Não sei nem por onde começar, tenho muita coisa pra dizer. A nossa realidade é essa. Um turbilhão de informações a cada segundo que passa e nosso cérebro tendo que fazer o trabalho dele. Armazenar cada novo conhecimento e tendo que ativar uma cadeia de reações a cada sensação que o nosso corpo experimenta. Chega uma hora que parece até que a nossa cabeça vai explodir de tanto pensar. E quem nunca sentiu o cérebro doer? Brincadeiras a parte, vamos falar sério.

Será mesmo que toda essa tecnologia e esse desenvolvimento industrial veio para o bem de todos? Ou ela, paralelamente às facilidades e rapidez do mundo tecnológico, desencadeou uma série de transtornos, de doenças mentais, estresse, irritação, saturação, pressa e etc?

A pressa, a correria do dia-a-dia, a angustia de não poder fazer tudo ao mesmo tempo e o maior número de coisas possíveis nas nossas miseras 24 horas diárias. Isso é a ansiedade.

Para não perder o costume, comecemos citando a definição dada pelo Dicionário Aurélio, o qual diz que a ansiedade é um “estado emocional angustiante acompanhado de alterações somáticas (cardíacas, respiratórias, etc), e em que se preveem situações desagradáveis, reais ou não”.

Pois bem, a ansiedade é um sentimento que todos conhecem, alguns em maiores proporções e intensidades, outros em menores. No entanto, todos já experimentaram ficar ansiosos. Seja para uma prova, para o encontro com a nova paquera, para uma entrevista de trabalho, ou para rever um parente que há muito não via. Todos já sentiram aquela inquietação insuportável, que não te deixa trabalhar ou se concentrar em qualquer coisa, a taquicardia, a fadiga, a sudorese, a angustia, dentre outros sintomas,

Mas porque isso o acontece? O que é essa tal ansiedade?

A ansiedade é a irmã do medo. Digo isso, pois quando estamos ansiosos, são acionadas em nosso cérebro as mesmas áreas que são acionadas quando sentimos medo, diferindo apenas no tempo em que o perigo se encontra. Enquanto o medo é um sentimento despertado por um alerta instantâneo de perigo, a ansiedade é despertada pelo alerta de um perigo ao qual a pessoa poderá estar exposta futuramente.

O cérebro não sabe diferenciar o que é real do que é irreal, ou apenas imaginação. Assim, quando pensamos em algo que esta pra acontecer e que nos parece uma situação perigosa, incerta ou insegura, o nosso Sistema Límbico entra em ação. São enviadas mensagens à Amígdala Cerebral, que detecta a situação de perigo e elabora uma resposta. Ela envia sinais para o Hipotálamo, qual é responsável pelo controle do nosso comportamento, sensações, consciência, ritmos cardíacos e controle da temperatura do nosso corpo e este, por sua vez, através do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), por meio de fibras nervosas, prepara o nosso corpo para enfrentar aquela situação.

Por exemplo, nos sentimos nervosos, suamos e sentimos tremores pelo corpo antes de uma entrevista de emprego. Temos medo do que esta por vir, por isso, ao mesmo tempo que queremos aquele emprego, temos medo de não sermos admitidos. Temos medo do que é novo, pois desconhecemos e não sabemos como deveremos agir diante dele. É um novo processo de aprendizagem pelo qual o cérebro deverá passar e tudo isso requer energia.

A ansiedade é essencial para a sobrevivência. Era ela quem determinava, no tempo da “idade da pedra”, por exemplo, quem iria continuar vivo para progredir e se reproduzir. Pois, quando um grupo de homens se deparava com um animal selvagem, os mais ansiosos logo fugiam, com medo de que pudessem ser devorados e, os menos ansiosos, não sentiam medo e se tornavam presas fáceis.

Nos dias atuais, é ela quem nos permite refletir sobre as novas experiências, nos incentiva a sermos esforçados para treinar, estudar, praticar algo, pois queremos estar seguros e, assim, nos livrar do nervosismo diante do novo.

No entanto, como diria o médico, psiquiatra, psicoterapeuta, doutor em psicanálise, professor e escritor, Augusto Jorge Cury, a ansiedade tem se tornado “o mal do século”.

Ele é autor de grandes obras, dentre elas o livro “Ansiedade, como enfrentar o mal do século”. Nele, Augusto explica que um dos principais motivos de todos estarem cada vez mais ansiosos, estressados, apressados, impacientes, etc., é a Síndrome do Pensamento Acelerado. Que nada mais é do que a enchente de informações que temos adquirido num curto espaço de tempo.

O nosso cérebro esta sempre tentando poupar energia e para isso acaba fazendo com que pensemos menos. Se acomoda num ciclo de pensamento e o torna hábito. Desta forma, ficamis imunes a novas aprendizagens, tendendo sempre a repetirmos as mesmas coisas. A menos, claro, que sejamos inteligentes e forcemos nosso cérebro a trabalhar. Mas não podemos esquecer que, assim como nosso corpo pede descanso, o nosso cérebro também precisa descansar.

A sobrecarga das células com informações além daquelas necessárias para o seu bom funcionamento acaba as matando e isso nos faz envelhecer mais depressa e com maiores problemas de saúde.

São diversos os motivos pelos quais ficamos ansiosos, mas sempre ficamos assim tendo como referência um evento futuro. Alguns exemplos são a espera para a saída do trabalho ou da escola, o show da banda que gostamos, o encontro com quem gostamos, uma data especial, uma entrevista, um seminário, enfim, sempre são novas experiências e situações que nos causam certa agitação e medo de ser surpreendido com algum “erro” inesperado. Medo de nada sair como planejado.

Quando estamos ansiosos há uma diminuição na atividade de dois neurotransmissores importantes. Um é a serotonina, responsável pelo nosso humor. Ela, quando na disponibilidade certa em nosso cérebro, faz com que fiquemos pacientes, em paz, alegre, aliviado, etc. O outro neurotransmissor é o ácido gama-aminobutírico. Ele atua na regulagem da excitabilidade dos neurônios presentes no nosso sistema nervoso, reduzindo o estresse e mantendo o corpo relaxado.

Sendo assim, para diminuir a ansiedade, é necessário que estejamos atentos a ativação destes neurotransmissores. Existem alguns alimentos que ajudam na produção e na disponibilidade deles, por exemplo os alimentos ricos em vitamina C, a banana, o peixe, o chocolate, o espinafre, os carboidratos, os leites e derivados e os ovos.

Além de uma boa alimentação, alguns hábitos são essenciais para o controle da ansiedade, como por exemplo, quando um pensamento perturbador nos atingir, precisamos nos esforçar para focar em alguma outra coisar e reciclar os nossos pensamentos. Manter o foco no que estamos fazendo, é incontroverso.

Augusto Cury, em seu livro, já citado anteriormente, ensina um método DCD (duvidar, criticar e determinar), utilizado para reorganizar e selecionar os pensamento. Este método consiste em duvidar do controle do medo, da insegurança, da incapacidade; criticar cada pensamento, cada emoção, fazendo com que sejamos lúcidos diantes deles e; diante disto, podemos determinar o que queremos e o que devemos fazer, determinar novas metas e nos disciplinar para alcançá-las. A técnica do DCD deve ser utilizada no ápice da emoção ou do pensamento.

Além disso, desacelerar o pensamento é imprescindível para o controle da ansiedade. Para isso, temos que nos desligar do mundo às vezes, separar um tempo para descansar o nosso cérebro, desviar o nosso pensamento das preocupações do trabalho, faculdade, escola. Desapegar do celular, do computado. Praticar a empatia, que é a arte de se por no lugar do outro. Jogar conversa fora, parar para escutar os outros. A meditação é um exemplo de relaxamento da mente, pode ser difícil, mas quando praticada faz com que nossa mente se revigore.

Vale lembrar que a ansiedade não deve ser excluída de vez das nossas vidas, por ser essencial na proteção do nosso corpo e da nossa integridade. Mas o controle dela nos proporciona uma vida melhor e mais saudável. E controlá-la sem o uso de medicamentos, garante a saúde das nossas células e evita o nosso envelhecimento precoce.

Por Mayra Milberg

Referências

Deixe um comentário